sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Sêde!


A primeira coisa que notei foram os cabelos esvoaçando ao vento a beira da areia. E não é que era! Ali parada com as mãos na cintura olhando para o horizonte imóvel. Quase nem quis chegar perto mas num contive a curiosidade. Parei do lado despistei contemplar o infinito e falei:
_É mesmo bonito esse marzão.
Sem me olhar respondeu:
_É. É não. Já foi.
Respondi:
_Ah! Sei que num tá muito legal a situação, mas continua bonito.
Na mesma possição:
_Hum! Porque vc num viu no planejamento. Foram tempos e tempos para desenhar a fôrma, maquete, medir, selecionar, aff! Quase desisti.
_Nossa! Imagino a trabalheira que num deve ter dado. Fazer uma piscina é quase um inferno. Imagina isso tudo aqui.
_Eu pedi demissão. Exigiram minha volta. Voltei. Me deram aumento. O projeto aumentou. Tava chegando uma carga maior de água e não sabiam onde colocar. Foi fácil. Simplesmente disse: congela!. Mandei colocar um pedaço em cada polo. Maior em baixo menor em cima. E tudo isso sem colocar na fôrma.
_Sempre pensei como teria sido feito aquilo. Legal! Projetão.
_Muito amor meu caro, muito amor...Pois é. Agora tá tudo derretendo. E num sei mais o que fazer. Acabei de pedir demissão.
_Você desistiu de novo?
_Vai morar no meio da porcalhada pra vc ver se num desiste. Tudo imundo. Nem com escafandro volto para lá.
Nisso toca uma buzina na beira da orla. Um carro lindo dourado. Dentro uma linda mulher. Toda cheia de ouro acena para nossa direção. Ela faz sinal de espera para a mulher dourada e me diz:
_Vou indo.
_Ué. Mas sua casa não é aqui?
_Era. Hoje me escondo nas montanhass de Visconde de Mauá. Minha amiga rica tem casarão altas cachoeiras límpidas e refrescantes e vivo lá com ela agora. E Por favor não conte a ninguém que me ouviu dizendo isso e onde estou. Deixem achar que ainda estou por aqui.
_Hum hum.
E ela se foi sem deixar pegadas na areia. Entrou no carro e se foi. Só me restou ir beber uma água de coco.

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