segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

páscoa

Quando eu era criança achava que o coelhinho sempre viria me trazer os ovos. Ouvi a vizinha dizer que para o coelho trazer os ovos tinhamos que deixar uma flor no local onde queríamos achar o ovo quando acordássemos. Como qualquer criança que sonha em ganhar vários ovos de uma só vez não tive dúvidas. Coloquei flôres pela casa inteira. Tinha rosas, dálias, suspiros vermelhos, sombrinhas e muitas outras. Ao lado da minha cama coloquei um girassol que peguei escondido no jardin da minha vó, pois ela tinha um xodó imenso pelos girassois laranjas e amarelos que amanheciam olhando para minha janela e a tarde olhavam para as bananeiras. Bem, voltando ao meu quarto coloquei a grande flor na esperança de que o ovo fosse do tamanho da flor, ou maior. Não queria dormir. Queria esperar e ver a chegada do coelho e saber por onde ele iria entrar, quais seriam as cores dos papéis que embrulhavam os ovos, se ele vinha a pé ou de algum meio de transporte....
Na manhã seguinte dei um pulo da cama e olhei direto onde tinha colocado o girassol. Foi uma deccepção só. Não havia um ovo no lugar como havia dito a vizinha. Corri para os outros lugares pensando que talvez por ser um ovo grande o coelho poderia não ter tido forças para carregar.
Sentei no muro de pedras e olhava aquelas flôres murchas que havia colhido e colocado pela casa sem entender o que teria acontecido. Para não entender nada mais do que já não estava entendendo, vi as filhas da vizinha com seus ovos passando e comentando que o coelhinho havia feito a troca por simples margaridas amarelas que nascem com o vento frio de agosto. Foi a partir desse dia que nunca mais acreditei em papai noel.

Rio de janeiro, 21 de julho de 1998.

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